A importância de trabalhar a cultura
indígena na escola
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Antes de tudo, somos os verdadeiros brasileiros. Estavam aqui
muito antes da chegada dos Europeus. Segundo registro da Funai – texto: “A
Origem dos Povos Americanos”:
No Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Mas novas evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí que comprovariam ser mais antiga esta ocupação, com o que muitos arqueólogos não concordam. Assim, há uma tendência cada vez maior de os pesquisadores reverem essas datas, já que pesquisas recentes vêm indicando datações muito mais antigas. (FUNAI) |
A preservação da nossa
cultura é a única fonte de continuidade que se pode ter, pois muito de suas
bases já foram perdidas ao longo do tempo. Permitir com que essa diversidade
cultural permaneça trará benefícios a todos nós. De acordo com o IEPÉ (2006,
pág. 72),
A salvaguarda das tradições orais indígenas, assim como das práticas que lhes são associadas, é um campo novo para as políticas públicas, especialmente no Brasil. Em algumas comunidades indígenas, estão sendo testadas estratégias que programas supranacionais e órgãos nacionais procuram aprimorar com a colaboração de universidades e de organização não governamentais, formando um painel ainda frágil de experimentos muito diversos e, às vezes, contraditórios.
Assim, é notório que precisamos fortificar os laços de preservação. Não podemos simplesmente adotar medidas e procedimentos de conservação iguais para o material e o imaterial. Cuja imaterialidade está em conhecimentos e manifestações culturais, onde o valor reside justamente na capacidade de transformar os saberes e os modos de fazer.
A salvaguarda das tradições orais indígenas, assim como das práticas que lhes são associadas, é um campo novo para as políticas públicas, especialmente no Brasil. Em algumas comunidades indígenas, estão sendo testadas estratégias que programas supranacionais e órgãos nacionais procuram aprimorar com a colaboração de universidades e de organização não governamentais, formando um painel ainda frágil de experimentos muito diversos e, às vezes, contraditórios.
Assim, é notório que precisamos fortificar os laços de preservação. Não podemos simplesmente adotar medidas e procedimentos de conservação iguais para o material e o imaterial. Cuja imaterialidade está em conhecimentos e manifestações culturais, onde o valor reside justamente na capacidade de transformar os saberes e os modos de fazer.
O contato com o branco, desde o início da
colonização, sempre foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral,
pois funciona como elemento destribalizador, provocando perda das terras e dos
valores culturais. Com o tempo, perdeu-se a imensa diversidade cultural que as
tribos representavam sem que chegassem a ser estudadas. Por outro lado,
adaptados ao seu meio ambiente, não possuindo defesas contra as doenças da
civilização, muitos sucumbiram pelas gripes, sarampo, sífilis e outras doenças.
Assim, dos milhões que aqui habitavam na época do descobrimento do Brasil,
somam hoje 350 mil.
Foram 500 anos onde houve escravidão, catequização,
miscigenação e dizimação. Qualquer coisa que se diga sobre os índios do Brasil
será pouco. A dívida do branco civilizado para com o indígena é alta e pesada
demais.
Mas um fator é positivo e devemos nos orgulhar
dele. Um estudo recente do geneticista brasileiro Sérgio Danilo Pena mostrou
que 70% dos brasileiros que se dizem brancos têm índios ou negros entre seus
antepassados. Ou seja, a maioria de nós tem sangue mestiço.
Se não justifica, pelo menos o peso de nossa
consciência se torna mais leve, pois somos um povo que trás no sangue a herança
das minorias ou indígena ou negra.
Religião e Crenças
As crenças religiosas e superstições tinham um
importante papel dentro da cultura indígena. Fetichistas, os indígenas temiam
ao mesmo tempo um bom Deus – Tupã – e um espírito maligno, tenebroso, vingativo
– Anhangá, ao sul e Jurupari, ao norte. Algumas tribos pareciam evoluir para a
astrolatria, embora não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos
viventes) e a Lua (Jaci – nossa mãe).
Tupã
O culto dos mortos era rudimentar. Algumas tribos
incineravam seus mortos, outras os devoravam, e a maioria, como não houvesse
cemitérios, encerrava seus cadáveres na posição de fetos, em grandes potes de
barro (igaçabas), encontrados suspensos tanto nos tetos de cabanas abandonadas
como no interior de sambaquis. Os mortos eram pranteados obedecendo-se a uma
hierarquia. O comum dos mortais era chorado apenas por sua família; o
guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado pela taba ou pela tribo. No
caso de um guerreiro notável, seria pranteado por todo o grupo.
Nossos índios foram dizimados. Vitimados por
doenças trazidas pela civilização, ou simplesmente incorporados à nossa
cultura. No entanto, a própria preservação de nossas matas e florestas dependem
dele, pois ninguém melhor do que o índio sabe viver em harmonia com a natureza
tirando dela o melhor proveito sem com ela sucumbir. As sociedades indígenas
são diferenciadas entre si; línguas distintas, traços de caráter, mitos. Essas
diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de fatores ecológicos
ou razões econômicas. Podemos estimar a ex Os grupos indígenas do Brasil foram
classificados em 11 áreas culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus; Guaporé;
Tapajós-Madeira; Alto-Xingu; Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná; Paraguai;
Nordeste e Tietê-Uruguai.
Como sabemos os indígenas tem costumes bem
diferentes dos costumes de nos urbanos, um deles é morar em ocas ou malocas,
que medem mais ou menos 20 metros de comprimento por 10 metros de largura e 6
metros de altura. Fazem uma espécie de parede dupla com um espaço entre ambas o
que permite uma ventilação adequada, tornando o ambiente, no seu interior bastante
agradável, seja no frio ou no calor. Uma aldeia é composta de várias malocas,
onde habitam várias famílias. Cada maloca possui um chefe daquele grupo, que
quando reunidos formam uma espécie de "colegiado".
Obs.: Esta descrição descreve um tipo de aldeia e
maloca, mas de acordo com o grupo indígena e região onde habitem existem outras
variedades de malocas. Os índios sabem muito bem onde e como construir suas
aldeias, e para cada necessidade adaptam sua construção com muita habilidade e
funcionalidade.
Um outro costume que os índios tem de diferente de
nós, é o modo de viver deles: eles da caça, da pesca e coleta de vegetais
silvestres, obedecendo aos ciclos de atividades de subsistêndica da Floresta
Tropical, chuvas, enchentes, estiagem e seca. Reunem-se em grupos que podem
ser: de casais, consanguíneos (parentesco), intercasamento e relações de
servidão. Na maioria dos grupos o casamento pode ser dissolvido. Preservam a
infância da mulher que só pode se tornar esposa após a primeira menstruação
(acompanhada de ritual especial, de acordo com a tribo). Não existem padrões
morais de virgindade ou adultério, tudo se resolve com conversas entre parentes
próximos e com acordos entre as famílias. Temos tribos matriarcais,
patriarcais, monogamia (um só esposo ou esposa - com uniões que podem ser
dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias esposas, ou uma esposa com
vários maridos).
Eles também costumam construir seus próprios
acessórios, como suas armas, fabricam arcos perfeitos, instrumentos cortantes
feitos com bicos de aves, enfeites plumarios, eles costumam usar diversos tipos
de cocares, braceletes, cintos, brincos, pilão que é muito utilizado na maioria
das tribos, a maneira de socar varia, algumas índias socam de pé, outras de
joelho.
Hábeis artesãos, os índios produzem diversos tipos
de artefatos para atender suas necessidades cotidianas e rituais, que assumem,
hoje, o importante papel de gerador de recursos financeiros, beneficiando as
Comunidades com uma renda complementar. Assim surgem fantásticos trançados que
tomam a forma de cestos, bolsas e esteiras, moldam a cerâmica que dá origem a
panelas e esculturas, entalham a madeira da qual nascem armas, instrumentos
musicais, máscaras e esculturas, além das plumárias e adornos de materiais
diversos como cocos, sementes, unhas, ossos, conchas que, com habilidade e
tecnologia, são transformados em verdadeiras obras de arte.
A produção de variados objetos da cultura indígena,
como material, ferramentas, instrumentos, utensílios e ornamentos, com os quais
um grupo humano busca facilitar sua sobrevivência, está ligada à escolha e
utilização das matérias-primas disponíveis; ao desenvolvimento da técnica
adequada de manufatura; às atividades envolvidas na exploração do ambiente e na
adaptação ecológica; à utilidade e finalidade prática dos objetos e
instrumentos produzidos.
Pintura
Os índios pintam seu corpo, sua cerâmica e seus
tecidos com um estilo que podemos chamar "abstrato". Observam a
natureza mas não a desenham, mas ao contrário do que se pensa, não devemos
chamá-la de primitiva. Partem do elemento natural para torná-lo
geométrico.
Usam diversos tipos de cocares, braceletes, cintos,
brincos. Geralmente não matam as aves para comer, usam apenas suas penas
coloridas, que guardam enroladas em esteiras para conservar melhor, ou em
caixas bem fechadas com cera e algodão.A Arte Plumária é exuberante e
praticamente restrita aos homens. Nas tribos, onde as mulheres usam penas, são
discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimônias
especiais.
Alguns índios, como os Vaurá, plantam algodão e
fazem vários enfeites, como os usados em seus pentes. Usam uma tinta preta
extraída do suco de jenipapo.
As vestimentas usadas pelos índios estão
relacionadas às necessidades climáticas, à observação da natureza e aos seus
ritos e festas. Esta é a razão de usarem quase nada para se cobrirem, uma vez
que vivemos em país tropical. A sua vestimenta não está associada à aspectos
morais. Algumas tribos como a dos índios tucuna (praticamente extintos) na
região do Acre, recebiam correntes frias dos Andes e usavam o
"cushmã" uma especie de bata (as índias eram ótimas tecelãs).
Em algumas tribos como a dos VAI-VAI
(transamazônica) as mulheres tecem e usam uma tanga de miçangas.
Canoas
O indígena usa o leito dos rios ou o mar para
transportar com rapidez, navegando em canoas ou em jangadas. As canoas maiores
são construídas de troncos de árvores rijas e chamam-se igaras, igaratés ou
igaraçus. As canoas ligeiras –ubás – eram feitas de grossas cascas vegetais, e
movidas a remo de palheta redonda ou oval ou ainda a vela. As jangadas,
pequenas e velozes, constituíam-se de vários paus amarrados uns aos outros por
fibras vegetais.
Madeira
talhada: Fazem remos, bancos de madeira, máscaras de madeira pintada com dentes
de piranha.
Cestaria
As
sociedades indígenas no Brasil são detentoras das mais variadas técnicas de
confecção de trançados, utilizando-se delas para a confecção de cestos, que
estão entre os objetos mais usados, pois estão associados a vários fins.
A
cestaria produzida e utilizada por uma determinada sociedade indígena está
associada à sua cultura, principal característica humana.
A
cestaria diz respeito ao conhecimento tecnológico, à adaptação ecológica e à
cosmologia, forma de concepção do mundo daquelas sociedades. O conjunto de
objetos incorporados à vivência de uma determinada sociedade indígena expressa
concretamente significados e concepções daquela sociedade, bem como a representa
e a identifica. Enquanto arte, em cada peça produzida existe também uma
preocupação estética, identificando o artesão que a produziu e aquela sociedade
da qual ela é cultura material.
Para uso e conforto doméstico, podem-se citar os
cestos-coadores, que se destinam a filtrar líquidos; os cestos-tamises, que se
destinam a peneirar a farinha e os cestos-recipientes, que se destinam a
receber um conteúdo sólido ou armazená-lo, sendo também utilizados para a caça
e a pesca, para o processamento da mandioca, para o transporte e para a guarda
de objetos rituais, mágicos e lúdicos.
Os cestos
cargueiros, como diz o nome, destinados ao transporte de cargas, apresentam uma
alça para pendurar na testa e têm o formato paneiriforme, com base retangular e
borda redonda, sendo conhecido pelo nome de aturá. Também são muito utilizados
os cestos- cargueiros de três lados, jamaxim, que dispõem de duas alças para
carregar às costas, tipo mochila. Em geral, esse cesto suporta até dez quilos
de mandioca.
Cerâmica
No contato manual com a terra, o homem descobriu o
barro como forma de expressão. A confecção de cerâmica é muito antiga e surgiu
ainda no período Neolítico, espalhando-se, aos poucos, pelas diversas regiões
da Terra.
Tradicionalmente, a produção da
cerâmica, entre os povos indígenas que vivem no Brasil, é totalmente manual.
A argila (composto de sílica,
alúmen e água) é a matéria-prima básica empregada na confecção da cerâmica. A
técnica mais usual para produzir os vasilhames é a da união sucessiva de
roletes (feitos manualmente), utilizando-se instrumentos rústicos, bem
variados, para auxiliar na confecção das peças, como cacos quebrados de potes
antigos para ajudar a alisar os roletes, pincéis feitos com penas de aves ou
com raízes para pintar a superfície, etc.. O tratamento dado à superfície das
peças varia muito de povo para povo e de acordo com o uso que será dado a cada
objeto. A superfície pode apresentar-se tosca, alisada, polida, decorada (com
pinturas ou de outras maneiras) e até mesmo revestida por uma outra camada de
argila especialmente preparada para este fim, a que se dá o nome de engobo.
Finalmente, a louça de barro, como é comumente conhecida, pode ser queimada ao
ar livre (exposta ao oxigênio), ficando com uma coloração alaranjada ou
avermelhada, ou pode ser queimada em fornos de barro, fechados, que não
permitem o contato com o oxigênio, o que deixa uma coloração acinzentada ou
negra.
Desta forma são produzidos
objetos utilitários (como potes, panelas, alguidares, etc.), objetos votivos ou
rituais, instrumentos musicais, cachimbos, objetos de adorno e outros.
Entre as sociedades indígenas
brasileiras, a cerâmica é, geralmente, confeccionada pelas mulheres. Todas
aprendem a fazê-la mas, como em qualquer outra atividade, há aquelas com mais
habilidade e/ou criatividade. Atualmente, algumas já se utilizam de tintas e
instrumentos industrializados para produzir sua cerâmica. Nem todos os povos
indígenas produzem cerâmica e alguns, que tradicionalmente produziam, deixaram
de fazê-lo, após o contato com não índios e com o passar do tempo. Entre alguns
povos ceramistas, os objetos produzidos são simples. Entre outros, são muito
elaborados e valorizados pelos membros da sociedade.
Música
São amantes da música, que praticam em festas de
plantação e de colheita, nos ritos da puberdade e nas cerimônias de guerra e
religiosas. Os instrumentos musicais são: toró (flauta de taquara), boré
(flauta de osso), o mimbi (buzina) e o uaí (tambor de pele e de madeira).
Podemos
comparar o homem indígena com o homem pré-histórico, pelo fato de eles terem
sua própria maneira de viver, de construir seu próprio mundo, assim como o
homem pré-histórico o índio constrói seus próprios adereços e etc.
Eles também não tem obrigação de se casar, podem
ter varias mulheres ao mesmo tempo (em algumas aldeias), criam suas próprias
tintas para fazer suas pinturas tanto no corpo como em suas roupas, fazem suas
próprias roupas, panelas, armas e etc.
Curiosidade sobre o índio: Hábitos “Estranhos”:
Os homens usavam o cabelo curto na testa e longo na
nuca, nas orelhas e nas fontes. As mulheres o deixavam crescer até a cintura e
o prendiam quando trabalhavam. Homens e mulheres tatuavam o corpo, que pintavam
(com jenipapo e urucum) e untavam (com óleos). Furar o lábio inferior para
colocar objetos de pedra, osso ou madeira era um símbolo de masculinidade. Os
homens usavam colares de búzios, de ossos de animais e dentes de inimigos e
enfeitavam-se com penas de aves. As mulheres usavam enfeites no pescoço, nos
braços e nas orelhas. Homens e mulheres raspavam os pêlos do corpo – barba,
sobrancelha, pelos pubianos, etc..
A tranquilidade
relativa com que os brasis aceitavam a homossexualidade masculina e feminina
escandalizou os lusitanos. Para os europeus, era também motivo de espanto que
os tupinambás assumissem tendencialmente papéis sociais segundo suas
inclinações sexuais profundas. Algumas mulheres tupinambás comportavam-se como
aldeões e eram tratadas como tal. Vivam com suas esposas nas residências
coletivas, participavam das discussões masculinas, iam à guerra, etc..